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Metal Gear Solid


A série Metal Gear é hoje uma das séries mais prestigiadas no mundo dos videojogos, tendo entradas que podem ser consideradas quase perfeitas. Contudo nem sempre foi um mar de rosas para a série, e até atrevo-me a dizer que teve o início mais infeliz de sempre. A série teve dois jogos iniciais, Metal Gear 1 (1987) e 2 (1990), mas apenas foram lançados para o computador MSX2 no Japão. Ambos os jogos tiveram um impacto no género de Stealth (que não era muito popular na altura), contudo nunca foram lançados fora do Japão. No lugar deles o resto do mundo recebeu um port do primeiro jogo que desonra o original e uma sequela horrível, ambos para a NES. E por causa disso a série nunca teve o mesmo impacto que teve no Japão.

Anos após os MG do MSX2 e de outros projectos, Hideo Kojima (criador da série e é hoje uma das personalidades mais conceituadas na industria) viu a consola de 32 Bits da Sony como uma oportunidade para trabalhar numa nova entrada da série Metal Gear. Assim aconteceu e nasceu o que é considerado por muitos um dos melhores jogos de sempre: Metal Gear Solid.


Metal Gear Solid foi lançado em 1998 para a Playstation. O jogo marca a evolução da série, mas não se fica apenas por adaptar-se ao 3D. Não, Kojima foi muito mais ambicioso e também quis dar à série o estilo cinematográfico pelo qual a série é tão conhecida e a história foi muito mais trabalhada. Mas já chega de introduções, vamos ao jogo em si.

O jogo começa muito simples ao início. Somos imediatamente em terreno inimigo e somos introduzidos às personagens principais do jogo e a missão. Nós controlamos um espião conhecido por Solid Snake, e a nossa missão é infiltrar em Shadow Moses, uma ilha onde se suspeita que se está a construir armas nucleares, e destruir essas mesmas armas (um resumo básico, admito que nunca fui muito de seguir este tipo de informação dos jogos). Para nos ajudar temos uma equipa com pessoal especializado em várias áreas que nos vai dando informações através de comunicação através de nanomáquinas. Isto é apenas a premissa inicial do jogo, porque ao longo do jogo a história vai-se desenrolando de forma inesperada. Vamos conhecendo novos aliados e inimigos com imenso impacto na nossa missão, e somos presentados com vários momentos de drama, acção e várias revelações chocantes de algumas personagens, com destaque ao Snake e à sua ligação com a missão e com o vilão (Liquid Snake). E mais não digo, não quero estragar a experiência a quem ainda não jogou, mas aviso que a história tem um papel importante no jogo (não vou mentir, o jogo tem imensas cutscenes).

Na jogabilidade o jogo é basicamente uma evolução dos originais. Temos uma perspectiva de cima da acção (na maior parte, por vezes muda para primeira pessoa), e o nosso objectivo é tentar prosseguir pela área até ao final, apanhando items essenciais e tentando não dar nas vistas. Contudo novos elementos de jogabilidade foram adicionados, como por exemplo o radar (ajuda imenso, tendo em conta que por vezes a câmara não nos deixa ver bem a posição de certos inimigos) e novos movimentos que nos dão uma maior liberdade nas nossas estratégias. Por exemplo, podemos encostar-nos a uma parede e bater nela para atraír um inimigo, sufocar um soldado, rastejar para um sítio escondido, etc. Até podemos usar uma caixa para nos esconder-mos (uma característica que seria marca na série). Elementos como combate corpo a corpo e o Codec para comunicar com alguém sempre que quisermos para pedir dicas continuam a marcar presença.



Um aspecto importante é o sistema de alertas do jogo. Quando somos detectados (quando somos apanhados no campo de visão de algum soldado ou câmara, representados no radar) a base inteira entra em alerta e nesse momento todos os soldados sabem a nossa posição e são implacáveis, portanto é importante esconder-nos o mais rápido possível e esperar que a contagem decrescente chegue ao fim. Não é muito difícil fugir a isto porque cada área tem varios sítios onde nos podemos esconder, mas é preciso ser-se rápido.

E já que dou tanta importância à necessidade de nos manter-nos escondidos falo também do que temos de nos esconder. Os inimigos são o que podemos esperar de um jogo do género: Soldados (os chamados Genome Soldiers), lobos e sistemas de vigilância. Na maioria das vezes estes sistemas são câmaras de vigilância, mas por vezes nos podemos deparar com outro tipo de sistemas, normalmente ligados a um puzzle. Lasers, gás, chão electrificado, enfim coisas do género. Cada sistema tem a sua vulnerabilidade e como tal têm de usar a vossa imaginação para descobrir como passar por eles.


Os inimigos podem não ser nada do outro mundo, mas acreditem que os bosses são o oposto. Cada boss presente no jogo é único e memorável, e adicionam imenso à história e à emoção do jogo. Eu não quero revelar muito sobre os bosses, mas quero destacar um certo boss que vos vai deixar confusos e que deita abaixo por completo a 4ª parede ao brincar com o jogador. Literalmente, o tipo usa tudo ao seu alcance para interagir connosco.


Para nos ajudar nesta missão temos uma boa variedade de items à nossa disposição, convenientemente separados em dois inventários: Um para armas (pistola e metralhadora com silenciador, lança misseis, sniper, granadas de vários tipos, etc), e outro para todos os outros items (items de jogo, rações (que dão vida), cigarros, a caixa, binóculos, etc). O sistema de inventário é muito bom, cada inventário correponde ao botão R2 (armas) ou L2 (items), e basta carregar (e manter) no inventário que pretendemos e circular pelos items. Rápido e eficiente.


Passando aos gráficos, este é um dos jogos mais vistosos da sua geração e um dos poucos que envelheceram bem (lembrem-se, na quinta geração os gráficos 3D ainda estavam a dar os primeiros passos nas consolas e como tal muitos jogos desse tempo estão muito "enrugados", portanto é um feito incrível). Sim, o jogo mostra-se muito pixelado e já mostra a sua idade, mas consegue-se destacar por ser totalmente em 3D (na altura por vezes usava-se 2D para fundos ou para modelos de items), mostrar já um nível de detalhe impressionante e conseguir correr com fluidez.


A música também está magnífica (mas há alguma coisa que este jogo tenha feito mal?), e este jogo é capaz de ter uma das melhores bandas sonoras de sempre. A "The Best is Yet to Come" é uma das músicas mais emocionantes de sempre, e grande parte da banda sonora consegue dar a perceber a tensão que se vive durante o jogo todo (a faixa "Encounter" é a que melhor faz isto, só de ouvir até dá vontade de jogar). As vozes também estão muito boas, com destaque ao David Hayter que faz um excelente trabalho ao dar a voz ao Snake.

Enfim, o que posso dizer mais sobre este jogo? Uma obra prima que roça a perfeição como muitos poucos jogos conseguem. Uma das experiências mais emocionantes e inesquecíveis que qualquer jogador pode viver. Não só isto, como também empurrou a série para a ribalta e como resultado disto fomos presenteados com sequelas do mesmo calibre, e há quem diga que até são melhores (mas isso é relativo). A série Metal Gear Solid é sem dúvida uma série magnífica, e tudo graças a este grande jogo.

Se recomendo? Mas eu preciso de dizer mais alguma coisa? Claro que sim! Se tiverem dificuldades em encontrar o jogo para a PS1 ou para PC (saiu para PC também), podem adquirir para a PS3 através da PSN por 10 euros, portanto o jogo é bem acessível. Também existe um remake do jogo para a Gamecube, com gráficos e jogabilidade semelhantes ao MGS2, mas é mais raro, caro e sinceramente a diferença também não é muita.


Como habitual, vídeo de jogabilidade. O vídeo mostra bem o básico da jogabilidade assim como o estilo cinematográfico do jogo: